20130317

Impressões

Sentia-se desprotegida. O sentimento dentro dela é tão intenso que não cabe dentro de si mesma. Ela se vestiu para a estréia. Usou todas as armas disponíveis da estética histórica para se proteger. Estava tão nua que suas roupas transfiguravam uma beleza sem igual. Escondeu seu corpo e o deixou a mostra através da arte.


Na cabeça uma maquiagem verde esperançosa sobre os olhos, ludibriava aos que nela quisessem se quer olhar. Seus cabelos foram preparados pelas mãos de sua mãe lhe protegendo e cuidando de sua dignidade. Assim, ela não seria real. Seu quinto chacra era protegido por uma gargantilha suspensa, que lhe dara o poder da sublime leveza, filtrando quem ousasse olhar sua profundidade, ou sua verdade. A mesma gargantilha carregava uma amazonita que lhe protegia e curava dos excessos de fumo e bebidas, ao mesmo tempo em que travava seu decote. Suas vestes negras foram escolhidas para elegantemente não chamar a atenção. Ombros a mostra cuidadosamente protegidos com um echarpe a que lhe serviria mais tarde como abrigo. Na cintura, ela se travou com um cinto que lhe preservava a castidade e a silhueta. Como velas de um navio, ou vestes de samurai eram sua saias presas abaixo dos joelhos que impediam que seu perfume natural evaporasse no espaço, sobrando apenas o odor das primeiras flores de campo da estação. Um pequeno véu lhe acompanhou, era a sua liberdade cívil. A mostra seu talar sobre saltos esmeraldas lhe permitiam valorizar o conjunto do ritmo e harmonia que seu templo lhe concedia.  

Sua pretensão era que todos que ela convidou fossem fazer parte da festa em prestígio ao seu grande amor. Entretanto foi minada pouco a pouco pelos seus amigos que a julgaram em extremo ou a colocaram em último plano. O único que a acompanhou foi o melhor amigo do primeiro marido, que estando em estado enclausurado pelo rompimento de relações com o velho amigo, a morte do pai e o rompimento de relações afetivas junto a  novas opções que vida lhe veio a oferecer, precisou de um impulso independente, um alguém que já houvesse superado suas estações e que pudesse lhe apresentar um nova perspectiva, por apenas um momento se quer. 

Assim sem palavras ela foi prestigiar seu amor. Com todos os valores preservados, a única qualidade que lhe sobrara foi a liberdade. E ousou, sem excessos, a divertir-se. 

Apesar da timidez, ela entrou no mundo que ele apresentou a ela. No reduto da poesia, ao fundo de cortinas de veludo amarelo ele se apresentou. Seu amigos estavam ali, alguns inesperadamente a reconheceram, outros ela reconheceu e cumprimentou com saudade, outros foi apresentada e os recebeu com um apreço de divida. Como uma onda cinematográfica, relatos  de um amigo especialista, ele arrasou os ouvidos de todos que ali vieram. Foi o último a chegar e o último a sair. Não sei descrever o que ele sentiu. Pois ela não foi capaz de lhe olhar nos olhos. O amor foi a ela corajoso, lhe chamou pelo nome e a beijou no rosto. Ela ficou desconcertada. Mas ficou ali na varanda para o ver passar, como rei que era. Magnífico, o seu amor.

20130219

Diablo Blanco

Desde Gus, não me abri para ninguém.
Sinto como se ele tivesse me criado.
Sendo o fruto do amor dele.
Anos se passaram e resolvi
tirar a limpo a história de amor
me relacionando como que em uma pesquisa
sociológica.
Depois de um trágico fim, conheci o Diablo Blanco,
em quem senti confiança desde então aventura.
Conquistou minha confiança capaz de me fazer abrir.
Mostrar pensamentos e coisas que me fizeram sentido, descobrimentos, sentimentos.
Essa confiança foi me desprendendo, causando um desprendimento do passado com ternura.
Seu olhar doce, e seus melindres.
Sua força de vontade de sustento e seu desejo de mudança, pouco a pouco me desarmaram.
Cativando, sobremaneira, meu ser.
E assim meu pesamento sem rédeas me levam a você a todo momento.
Minhas mão passaram a novamente escrever, como um desabafo unilateral.
onde cores fazem sentido.

20110418

Rubor de segunda


E pelo último nome da lista
recomecei a vida
Há 2 anos tenho me encontrado feliz
sobre meus pés
Vale a pena a tentativa
Jubiloso rubor do futuro que se avista
sob o destino que decalca a estrada
em flores margaridas

20110320

Uma poesia com meu nome!


19.3.11

François Villon: Balade des dames des temps jadis / Balada das damas dos tempos idos: trad. de Modesto de Abreu



Balada das damas dos tempos idos

Dizei-me em que terra ou país
Está Flora, a bela romana;
Onde Arquipíada ou Taís,
que foi sua prima germana;
Eco, a imitar na água que mana
de rio ou lago, a voz que a aflora,
E de beleza sobre-humana?
Mas onde estais, neves de outrora?

E Heloísa, a mui sábia e infeliz
Pela qual foi enclausurado
Pedro Abelardo em São Denis,
por seu amor sacrificado?
Onde, igualmente, a soberana
Que a Buridan mandou pôr fora
Num saco ao Sena arremessado?
Mas onde estais, neves de outrora?

Branca, a rainha, mãe de Luís
Que com voz divina cantava;
Berta Pé-Grande, Alix, Beatriz
E a que no Maine dominava;
E a boa lorena Joana,
Queimada em Ruão? Nossa Senhora!
Onde estão, Virgem soberana?
Mas onde estais, neves de outrora?

Príncipe, vede, o caso é urgente:
Onde estão elas, vede-o agora;
Que este refrão guardeis em mente:
Onde estão as neves de outrora?



Ballade des dames du temps jadis

Dites-moi où, n'en quel pays,
Est Flora la belle Romaine,
Archipiades, ni Thais,
Qui fut sa cousine germaine,
Écho parlant quand bruit on mène
Dessus rivière ou sus étang,
Qui beauté eut trop plus qu'humaine.
Mais où sont les neiges d'antan ?

Où est la très sage Hélois,
Pour qui châtré fut et puis moine
Pierre Esbaillart à Saint Denis ?
Pour son amour eut cette essoyne.
Semblablement où est la reine
Qui commanda que Buridan
Fut jeté en un sac en Seine ?
Mais où sont les neiges d'antan ?

La reine Blanche comme lys
Qui chantait à voix de sirène,
Berthe au grand pied, Bietris, Alis,
Haremburgis qui tint le Maine,
Et Jeanne la bonne Lorraine
Qu'Anglais brulèrent à Rouen ;
Où sont-ils, où, Vierge souv'raine ?
Mais où sont les neiges d'antan ?

Prince, n'enquerrez de semaine
Où elles sont, ni de cet an,
Qu'à ce refrain ne vous ramène :
Mais où sont les neiges d'antan ?



VILLON, François. Poésies complètes. Paris: Galliimard, 1934.

MODESTO DE ABREU. "Balada das damas dos tempos idos" (tradução de "Balade des dames des temps d'antan"). In: MAGALHÃES JR., R. Antologia de poetas franceses. Rio de Janeiro: Gráfica Tupy Ltda Editora, 1950.

Benvindo de volta






A muito não escrevo aqui, motivo da insensata mente que se atordoa do hábito e negligência a disciplina como uma rebelde.
Mas a realidade é tirei um tempo para o nada, um tempo para me enxergar no espaço, elaborar, preceder o que sou e o que preciso para continuar.
Permito acreditar que encontrei com a segurança máxima, aprendi a caminhar.
O gingado das pessoas que admiro começou a lapidar, para meu bem.
A circunstância de início me leva ao além.
Planejar... achei o que me é capaz. I belive!
Curiosidades, piadas, carinho, dedicação, perseverança, verdade, companherismo, vontade. E a atitude que me atento.
Benvindo de volta Outono!
A hora é agora e com otimismo.